Análise do Filme • Leitura de 11 min
Você já sentiu que precisa ser uma "versão melhor" de si mesmo(a) para ser aceito(a)? Que a sua beleza, juventude ou sucesso definem o seu valor? A busca pela perfeição é uma das armadilhas mais cruéis da nossa cultura, e o cinema, às vezes, nos oferece um espelho sombrio dessa luta.
O filme "A Substânca" é exatamente isso: um retrato visceral de como a autocrítica implacável e o medo do envelhecimento podem nos levar a uma espiral de sofrimento. Neste artigo, vamos mergulhar na psicologia por trás da jornada de Elisabeth Sparkle e entender como suas dores refletem as nossas. Mais importante, vamos ver como a terapia pode ser a luz no fim desse túnel.
Esta análise faz parte do nosso guia sobre como a cultura pop nos ajuda a entender a saúde mental.
A história de Elisabeth é um estudo de caso sobre como a dor psicológica se manifesta. Vemos em sua trajetória quatro pilares que sustentam seu sofrimento (e o de muitas pessoas na vida real):
Quando Elisabeth é demitida por "não ser jovem o suficiente", ela não questiona o julgamento cruel da indústria; ela o internaliza. A Terapia Focada na Compaixão (TFC) nos ensina que essa voz crítica interna é uma das maiores fontes de sofrimento, nos julgando com uma severidade que jamais usaríamos com um amigo.
A identidade de Elisabeth depende da aprovação dos outros. Sem os aplausos e a admiração, ela se sente invisível. Essa dependência de validação externa é uma prisão, pois coloca a chave da nossa felicidade no bolso de outra pessoa.
A "Substância" não é apenas um produto; é uma metáfora para a esquiva experiencial: a tentativa desesperada de evitar sentimentos dolorosos como a tristeza, o medo da irrelevância e a vergonha. Na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), entendemos que essa fuga é a "criptonita" da saúde mental, pois, paradoxalmente, só intensifica a dor a longo prazo.
A relação parasitária com sua versão "perfeita", Sue, mostra uma perda total de controle emocional. Incapaz de lidar com o desespero de forma saudável, Elisabeth toma decisões cada vez mais extremas e autodestrutivas, um padrão clássico de desregulação emocional que a Terapia Comportamental Dialética (DBT) aborda com maestria.
Se Elisabeth estivesse em um consultório, as Terapias da Terceira Onda ofereceriam um mapa para lidar com o sofrimento e o elaborá-lo, focando não em "consertá-la", mas em ajudá-la a construir uma relação mais gentil consigo mesma.
A jornada de "A Substância" ecoa em muitos outros filmes que exploram as complexidades de envelhecer em nossa cultura. Aqui está uma lista para expandir seu repertório:
Uma professora brilhante enfrenta o diagnóstico de Alzheimer precoce, forçando-a a confrontar a perda de sua identidade e memória.
Lição Psicológica: Sobre o medo do esquecimento, o estigma da doença e a busca pela essência do "eu" quando as memórias se vão.
Um retrato íntimo e devastador de um casal de idosos lidando com a doença progressiva da esposa após um AVC.
Lição Psicológica: Uma meditação sobre a dignidade na velhice, o luto antecipado e os limites do cuidado e do amor.
Um grupo de aposentados britânicos decide "terceirizar" sua velhice na Índia, descobrindo que a vida ainda reserva muitas surpresas.
Lição Psicológica: Sobre a capacidade de se reinventar, encontrar propósito após os 60 e desafiar a ideia de que envelhecer é o fim.
Um pai idoso e teimoso acredita ter ganhado um prêmio e arrasta seu filho em uma viagem para resgatá-lo, revisitando seu passado no processo.
Lição Psicológica: Explora as complexas relações familiares, a memória e a busca por dignidade e um legado no fim da vida.
Duas mulheres na casa dos 70 anos são forçadas a recomeçar quando seus maridos as deixam para ficarem juntos.
Lição Psicológica: Uma aula sobre amizade feminina, independência, sexualidade e a quebra de todos os estereótipos sobre a terceira idade.
Baseado em uma história real, o filme conta sobre uma mulher idosa e excêntrica que vive em sua van, estacionada na garagem de um escritor.
Lição Psicológica: Sobre a invisibilidade e exclusão social dos idosos, a autonomia feminina e o julgamento que enfrentam.
Este documentário inspirador acompanha um coral de idosos, com idade média de 80 anos, que canta clássicos do rock e do punk.
Lição Psicológica: Uma prova de que a vitalidade, a criatividade e a alegria não têm idade, quebrando estereótipos sobre a fragilidade.
"A Substância" nos deixa com uma pergunta incômoda: o que realmente significa ser "perfeito"? A jornada de Elisabeth é um lembrete poderoso de que a verdadeira beleza não está na ausência de falhas, mas na coragem de ser autêntico.
Se a luta contra o espelho, a autocrítica ou o medo de envelhecer ressoa com você, saiba que não precisa enfrentar isso sozinho(a). A terapia é um convite para você desenvolver uma relação mais gentil e flexível consigo mesmo(a), construindo uma vida baseada em seus valores, e não nas expectativas cruéis do mundo.
Se você deseja explorar sua relação com a autoimagem e construir uma autoestima mais sólida e compassiva, estou aqui para te guiar.
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